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terça-feira, 23 de outubro de 2012

UM APERTO DE MÃO- Por Jakson Amorim


UM APERTO DE MÃO



Dia desses, ao ir buscar minha esposa em seu trabalho, deparei-me com uma situação que me fez refletir. Estava com o pensamento disperso, atento apenas à velocidade que deveria imprimir para não ser multado por um desses radares espelhados pela cidade do Guarujá. Pois bem, ao parar em um semáforo, vidro fechado, como disse, sem me importar com o resto do mundo, apenas com o percurso, avistei um homem de meia idade, mal vestido, às costas trazia um saco preto (ou marrom? Era noite, não me lembro bem). Ele veio em minha direção e eu, já prevendo que viria pedir algo, pus a mão no porta-objeto onde tinha algumas moedas e tirei uma das que ali havia. Abri o vidro do carro e ele vendo o ato positivo à sua pretensão apressou-se, como se quisesse chegar até a mim antes de o sinal abrir, de fato, devia ser isso.
Antes de lhe entregar a esmola, veio em mim uma súbita vontade de pegar na mão daquele homem... Assim o fiz. Estirei o braço, não com moedas, mas com a palma da mão aberta, esperando a reciprocidade do ato. Ao ver minha iniciativa o homem mostrou-se surpreso, como se realmente, naquele momento, ele estivesse se sentindo GENTE! Se sentido ALGUÉM. Digo que tivemos até um breve diálogo, enquanto não liberada a minha saída. Perguntou se eu estava “subindo” para São Paulo, disse que não, que estava indo apenas até o centro, buscar minha esposa. Ele me desejou boa viagem, e que Deus me acompanhasse.
Veja, é notável que aquele homem teve um momento de conforto, um “sopro de existência”. Para ele, e infelizmente para tantos outros, não é comum ter alguém com quem troque meia dúzia de palavras, muito menos que aperte a sua mão. Ele teve uma boa surpresa, entretanto, tal fato foi também para mim algo confortável. Ver um sorriso naquele rosto onde na maioria das vezes não encontramos expressão alguma, apenas apatia, indiferença, me fez pensar o quanto somos egoístas, hipócritas! Pois muitas vezes não nos damos conta de que apenas um gesto já seria o suficiente para ajudar o próximo. É incrível como somos “mendigos” de status, como torcemos para que alguém “curta, comente ou compartilhe” algo postado nas redes sociais e, ao mesmo tempo, tentamos tapar o sol com a peneira, nos fazendo de cegos, ou como se faz na prática: “ficamos em off” para a realidade que nos cerca.
A partir daquele dia decidi olhar mais para o lado. Ajudar mais, ser mais humano. Pois que bom que hoje sou alguém que posso ter a possibilidade de ajudar, seja com uma moeda, ou, simplesmente, com um sincero aperto de mão.

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