As manifestações populares, conhecidas como Jornadas de Junho, ocorridas a partir de junho de 2013 em várias capitais brasileiras, não foram organizadas por lideranças reconhecidas, nem por movimentos sociais organizados, tampouco por partidos políticos, mas pela deflagração e compartilhamento, em redes sociais, das insatisfações da população brasileira com os serviços públicos oferecidos no país a fora. A mobilização de usuários do Facebook e do Twitter, os dois sites de redes sociais mais acessados do Brasil, foi considerada uma das principais forças por trás das manifestações que atingiram todo o país durante aquele período. Na internet, tanto usuários experientes quanto iniciantes se tornaram organizadores, comentaristas e protagonistas dos protestos. O Twitter foi apontado por usuários como uma das principais fontes de informação em tempo real sobre o que acontecia durante as manifestações. O Facebook, por outro lado, foi usado principalmente para organizar atos de protesto e demonstrar posicionamentos políticos. Caíram no ridículo alguns movimentos organizados e até alguns políticos que quiseram pegar carona nos protestos para ganharem dividendos. Aquelas manifestações seguiram o mesmo processo de "propagação viral" de protestos em outros países, como a Primavera Árabe, no mundo árabe
O advento da informática – que marca uma revolução nestes nossos tempos – vem provocando um novo perfil de comportamento das populações que usam as redes sociais: uma certa autonomia política. E um dado que pode constatar esta hipótese, verifica-se no resultado das últimas pesquisas de tendência político-eleitoral feitas em Pernambuco: Mesmo com o alto índice de aprovação registrado no seu governo e, tendo apoio político em mais de 130 cidades do estado - o que equivale a dizer que, no mínimo mais de 100 prefeitos pernambucanos declaram apoio ao projeto estadual e nacional de Eduardo Campos -, não se verifica isso na prática quando se sonda os eleitores. O resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Maurício de Nassau em parceria com o Jornal do Commercio, sugere que as populações destas cidades NÃO estão em consonância política com o governador nem com seus lideres locais. A pesquisa mostra o candidato do PSB, Paulo Câmara, em desvantagem em todas as regiões do estado, inclusive e com surpresa, na região metropolitana – o que desmantela a defesa governista de que os resultados são preliminares e não revelam a verdadeira intenção do eleitor, uma vez que Câmara ainda não iniciou sua peregrinação pelo estado. O caso mais emblemático deste fenômeno se observa no Sertão, que apontou o senador Armando Monteiro (PTB) com 51% das intenções dos votos contra, apenas, 5% do candidato eduardista. Parece que as populações não estão em sintonia com seus líderes e não pretendem obedecer aos chefes municipais. Será que as redes sociais (blog’s, Facebook, Twitter etc.) estão desencabrestando o eleitor? Tomara que sim.
Com toda essa situação, ficou claro a importância das redes sociais na disseminação de conteúdo, enquanto a organização efetiva das manifestações comprova o alcance social dessas ferramentas. Ficou evidente o seu poder de articulação da informação se sobrepondo aos veículos tradicionais. Neste contexto foi possível perceber que os conceitos tradicionais de comunicação talvez estejam ultrapassados para o momento digital que vivemos, pois as redes funcionaram como veículo de divulgação dos atos em tempo real e a população passou a ser a detentora da informação. Não importando se o responsável é jornalista conhecido, atriz popular, twitteiro ou comentarista de portal. O negócio é clicar, curtir, postar e compartilhar. Mesmo que seja uma mentira escabrosa capaz de comover o mundo e influenciar decisões políticas importantes.
Por: Professor Márcio Siqueira.
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