Quando eu paro e recordo o meu passado No Sertão, no meu tempo de menino Dentro do peito um certo desatino Toma conta d'um coração alado Que de tanto com o mundo ter sonhado E aspirado um sucesso no futuro Desligou-se d'um modo prematuro Do Sertão, do seu lugar querido E a lembrança de tudo lá vivido Me derruba, e esse golpe é sempre duro. Jakson Amorim ( autor, poeta e colaborador do Blog)
sábado, 24 de março de 2012
AGIOTAGEM CELESTE
É no meio religioso (não quero atacar as denominações) que os líderes, sem nenhum mérito, usando de embustes, se insinuam entre pessoas de bem para tirar proveito. Puro sofisma o discurso que, embasado em doutrinas destituídas de lógica (já sei: vão dizer que o incrédulo não entende isso por não ter fé!), recheado de expressões emblemáticas, tipo: Colaboradores fiéis, Parceiro de Deus e até de Gideões da conquista e carregados da pregação inflamada, - típica retórica de “final dos tempos” -, levam a muitos de fé simplória a doarem seus parcos recursos a esses exploradores que, em se arvorando de representantes únicos do que chamam a palavra de deus, usam e abusam da prática mercantil (há até igreja que firmou parceria com a VISA lançando o seu próprio cartão de crédito), enchendo as bolsas e gozado do luxo e do conforto que as fortunas arrecadadas podem lhes proporcionar.
Ora, a sã razão, a boa lógica (aristotélica) não pode emprestar a divindade a mesquinhez interesseira humana. Pode-se classificar esse comportamento de agiotagem celeste! Os “ministros de deus” incentivam aos seus fiéis a prática de um crime: agiotagem: pois todos investem na intenção de receber, posteriormente, e com ganhos exorbitantes. Não se deve barganhar os benefícios divinos. A divindade não concede, por meio do suborno, as suas bênçãos, sobretudo posses materiais, como moeda de troca. Essa doutrina de oferecer algo, com intenções de receber centuplicado depois, lembra-me muito o escambo que foi muito utilizado no contexto da exploração do pau-brasil (início do século XVI). Os portugueses ofereciam bugigangas (apitos, espelhos, chocalhos, ferramentas...) para os nativos e, em troca, os ameríndios deveriam cortar as árvores de pau-brasil e carregar seus troncos até as caravelas portuguesas. Algo parecido acontece nos seios de muitas igrejas: Em troca da prosperidade na Terra e no paraíso (note a semelhança: os europeus do século XVI viam nas terras Americanas um paraíso a ser explorado) os fieis doam suas posses esperando sempre uma recompensa (seria uma indulgência pós-moderna?) que lhes facilite a vida cá e depois no além. É lamentável saber que muitos, mas muitos não enxergam isso, e por vários motivos: debilidade intelectual, fraqueza emocional, medo dos “castigos” divinos, interesses mesquinhos etc, etc, etc.
Professor Márcio Siqueira – Licenciado e especialista no ensino de História e pós-graduando em Política e Gestão Educacional de Redes Públicas pela UFPE.
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