Quando eu paro e recordo o meu passado No Sertão, no meu tempo de menino Dentro do peito um certo desatino Toma conta d'um coração alado Que de tanto com o mundo ter sonhado E aspirado um sucesso no futuro Desligou-se d'um modo prematuro Do Sertão, do seu lugar querido E a lembrança de tudo lá vivido Me derruba, e esse golpe é sempre duro. Jakson Amorim ( autor, poeta e colaborador do Blog)
sábado, 13 de agosto de 2011
Corrupção e educação
O que a corrupção tem a ver com a escolaridade? Para quem ainda não se convenceu da importância da educação, o estudo do sociólogo Alberto Carlos Almeida, publicado sob o título “A cabeça do Brasileiro”, é um grito de alerta. A partir de uma pesquisa que captou os valores enraizados na sociedade brasileira, o sociólogo concluiu que a tolerância à corrupção, por exemplo, se confunde com o famoso “jeitinho brasileiro”, e que ela é maior quanto menor for a escolaridade do cidadão.
Segundo o estudo de Almeida, 57% dos que têm até o ensino fundamental são mais autoritários, mais estatistas, e mais antidemocráticos, ou seja, têm características que revelam o seu distanciamento dos valores republicanos. Traduzindo em miúdos: Se socorrem do “jeitinho”, têm pouco espírito público, defendem a lei de talião, são a favor do assistencialismo governamental, são contra a liberdade sexual, apóiam a intervenção do Estado na economia e na sociedade, são condescendentes com a censura, aceitam cegamente a hierarquia, e, por fim, são mais tolerantes com a corrupção.
Almeida encontrou na classe média escolarizada o maior índice de valores positivos. É neste setor da sociedade que encontramos uma maior valoração da democracia, do liberalismo e do republicanismo e a compreensão de que eles são fundamentais para uma boa convivência social e política. Assim, num contraponto aos valores que impregnam as classes menos escolarizadas, encontramos na classe média uma maior rejeição ao “jeitinho”, à corrupção, à censura, ao assistencialismo governamental e ao intervencionismo do Estado.
Diversas entidades públicas e da sociedade civil já promoveram movimentos de combate à corrupção, com o objetivo de pôr um freio na sequência cada vez mais crescente de desmandos administrativos, de desvios de recursos públicos, de nepotismo e toda sorte de malversação do dinheiro do povo. Tais iniciativas, merecem o aplauso e o apoio da sociedade porque visa a resguardar o patrimônio coletivo da sanha de inescrupulosos gestores e detentores de mandato, principalmente dos municípios pequenos do Pajeú.
É preciso, também, que as instituições públicas e privadas adotem uma série de medidas que barrem de uma vez por todas o imenso sangradouro aberto nas finanças públicas por causa da corrupção desenfreada. E o melhor meio para que este objetivo seja alcançado será, e sempre será, através da educação. É preciso que as pessoas aprendam desde cedo que usar o dinheiro público em benefício próprio é um crime sem tamanho. As escolas públicas e privadas deveriam adotar em sua matriz curricular um componente (disciplina) que incentive as crianças a serem honestas, não pelo fato de que ser honesto é apenas uma virtude, mas uma necessidade cidadã cada vez mais crescente na sociedade. Se as coisas continuarem na mesma ordem em que estão, dentro de mais alguns anos o sentido da democracia estará totalmente desfigurado.
As pessoas deixarão de acreditar nos políticos e cada vez mais vão participar menos das discussões sobre os rumos da cidade, do Estado, da nação. Isso possibilitará que apenas os aproveitadores disputem os cargos políticos e vençam as eleições. E como eles estarão conscientes de que o povo, aquele que paga a conta, não se importa em ser roubado, vão desviar tudo que for possível e “na cara de pau”. O resultado disso tudo será a deterioração cada vez mais crescente das instituições, a decadência da máquina pública como elemento de solução dos problemas sociais. Mas, para que esse quadro negro não seja confirmado, é preciso uma atitude agora. O combate à corrupção é necessário, mas ele sozinho não vai resolver o problema. A educação será a principal arma a ser utilizada em busca de um basta nessa situação. Se a atual geração não estancar esta hemorragia do dinheiro público para os bolsos dos governantes, a educação pode preparar a próxima para isso. As crianças aprendendo a não praticar e a denunciar os casos suspeitos será a forma mais prática de resolver um problema que vem angustiando o País. É preciso uma reação e ela deve surgir do seio da sociedade, a verdadeira dona do Brasil.
Professor Márcio Siqueira – Licenciado em História pela FAFOPST, Especialista no ensino de História pela UPE e Pós-graduando em Política e Gestão Educacional de Redes Públicas pela UFPE.
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