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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PROFESSOR: Profissão desvalorizada e com profissionais despreparados.

PROFESSOR: Profissão desvalorizada e com profissionais despreparados.



Ouve-se muito falar da capacidade que algumas categorias profissionais têm em organizarem-se homogênea e eficazmente para pleitear seus interesses, como por exemplo, os médicos. Acredito que esta capacidade não tem outra causa senão a superioridade marcante em saber exercer a cidadania, em acumular os saberes que envolvem o mundo de suas profissões, como as legislações que as normatiza, bem como a conscientização de que são importantes para o progresso coletivo. É o que não se dá com os profissionais de educação. Motivo: Sua formação social e profissional e a desvalorização do magistério por parte da sociedade brasileira. No Relatório Sobre a Atratividade da Carreira de Professor que a Fundação Victor Civita encomendou, no início de 2010, à Fundação Carlos Chagas, mostra que as últimas gerações de professores foram e são recrutados entre os alunos que têm as piores notas, sendo que quase 90% são de escolas públicas. Portanto, o curso de Licenciatura e Pedagogia é, para muitos, a opção de quem não tem opção. Portanto, um profissional com este antecedente intelectual e social não tem muitas condições de questionar sua realidade e, por conseguinte, o ambiente educacional brasileiro com seus impasses e perspectivas.

Nós, professores somos reféns do nosso próprio veneno, pois não conseguimos alterar o status quo do sistema. Não temos articulação, não sabemos nos organizar. Somos tão submissos quanto os milhões que de nós dependem. O modelo de ensino-aprendizagem e de exploração de conteúdos, está defasado há décadas. Professores ainda “ensinam” que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, quando deveriam estar discutindo as condições fundamentais para nos arrancar do imobilismo histórico, da ignorância crônica da população e da corrupção epidêmica da classe política; insistem em demarcar mapas geográficos de nações, quando o mundo estrutura-se em blocos econômicos; focalizam a “decoreba” da tabuada quando o mundo quer cérebros com plasticidade e resiliência. As mudanças na educação brasileira têm que ser mais profundas. A sociedade brasileira, sobretudo a classe política, tem que se conscientizar de que deve haver gigantescos investimentos financeiros e humanos no sistema nacional de educação. A não ser assim, ficaremos no sempre no imobilismo educacional. Não teremos bons profissionais nos quadros. E os que abraçarem a profissão não terão condições de questionar sua realidade e, por conseguinte, o ambiente educacional brasileiro com seus impasses e perspectivas. Professor com a formação atual e desfocado da vocação profissional, não tem condições de organizar-se homogênea e eficazmente para pleitear seus interesses, nem a consciência política e cidadã da importância de uma excelente educação para o progresso coletivo.



Prof.º Márcio Siqueira – Professor licenciado e Especialista no ensino de História pela UPE e Pós-graduando em Política e Gestão Educacional de Redes Públicas pela UFPE.

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