A COVARDIA DA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA
Uma das formas mais comuns de se penalizar o servidor público que não “se alinha”, que “não compactua” com as ações desmedidas de politicagem de um administrador, é a perseguição política aplicada ao servidor para que sirva de exemplo aos demais, forçando-os a se calarem.
A perseguição política é uma das formas mais covardes de se manipular e pressionar os servidores, sendo a remoção e transferência um jeito velado de se perseguir. Não podemos expor nosso ponto de vista e manifestarmos qualquer opinião que venha a desagradar os que estão no poder. Somos feridos em nosso direito de ir e vir, quando nos forçam a negar as nossas opiniões e idéias, ou seja, deixamos de ser livres, uma vez que tornamo-nos prisioneiros de um sistema opressor, que determina, como verdade, aquele ditado popular: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
A perseguição política é um tipo de ato que caracteriza um caráter inseguro e fraco. Seria pedir demais, deixar qualquer cidadão livre para escolher de que lado quer estar? Talvez essa seja uma proposta assustadora para muitos governantes que não sabem conquistar ou tolerar contrários.
Indigna-nos constatar o fato de que tem administradores públicos que gastam tanta energia investindo em medidas punitivas para os seus subordinados, quando seria mais inteligente devotarem tempo e atenção para motivar, incentivar, qualificar cada trabalhador, para que estes possam sentir-se mais valorizados e respeitados.
Exemplifico. Olhemos para as guerras no Oriente Médio. Até hoje, resultaram apenas em sofrimento, dor e ódio mútuos entre os protagonistas. As guerras não conduzem à paz! Plantam a discórdia e a confusão. Judeus e palestinos jamais colherão a tranqüilidade e o amor enquanto instituírem a beligerância como tentativa de solução de suas diferenças. Precisam mudar de estratégia, avançar nos acordos, na diplomacia, no respeito.
Guardadas as devidas proporções, assim também ocorre no serviço público, onde muitos líderes comandam a repressão, a perseguição política a cidadãos que divergem de suas ideias. Agem com truculência, crueldade e covardia usando da influência e do poder que a máquina pública lhes oferece, para silenciar, tirar do cenário, ou exterminar os que, democraticamente, optaram por não se alinhar aos seus projetos político-partidários. Como conseqüência, recebem mais animosidade e o pior, se até então as diferenças limitavam-se a esfera político-partidária, a partir de então, adentram o campo pessoal. Adquirem inimigos! E nesse círculo vicioso, não apenas as partes envolvidas saem perdendo, mas toda uma comunidade, todo um serviço público perde em qualidade por não dispor de servidores competentes (estes, foram demitidos e/ou desencorajados a continuar no trabalho) ou de servidores motivados que dão o melhor de si.
Historicamente, desde os tempos da escravatura, tentam aprisionar os pensamentos e as idéias contrárias, mas nunca conseguiram e jamais conseguirão; massacravam o corpo, mas o espírito de suas vítimas estava ali gritando, reagindo.
Ninguém é superior num contexto em que fazemos parte de uma mesma humanidade. A espécie humana é uma só. Precisamos, urgentemente, aprender mais sobre o respeito mútuo.
Fico espantado ao ver que existem pessoas tão ingênuas, especialmente na administração pública, que se acham imbatíveis, super poderosas. Será que não param para refletir que tudo é passageiro? Que tudo passa? Inclusive o poder que julgam ter sobre os outros? A morte é a única certeza que temos.
É uma pena vê os nossos representantes andando na contramão da vida. Vivem cercados de pessoas fingidas e interesseiras. São os “amigos” do poder, para não chamá-los de bajuladores! É um perigo essa gente! É atenciosa, prestativa, humilha-se e expõe-se ao ridículo constantemente, achando que esse comportamento é exemplo de fidelidade. Não “arreda do pé” de seu “chefe”, enquanto este está no poder, é claro. Mas, quando percebe que o “chefe” está perdendo o prestígio ou finalizando mandato, vira as costas e torna-se o pior inimigo do antigo “ídolo”. Certa vez, ouvi alguém dizer que “é melhor puxar saco do que puxar carroça” e fiquei a refletir, concluindo que, quem assim age não tem princípios, nem opiniões próprias, é uma pessoa frívola, sem personalidade, que se pode manejar à vontade, um títere. Ama o poder e, por isso valoriza quem o detém. No entanto, nem sempre poderá andar de cabeça erguida nem de consciência tranqüila, pois inegavelmente, compactua, aplaudindo ou exercendo como uma marionete, as injustiças e desmandos.
É impressionante como o poder e o dinheiro interferem no comportamento de certas pessoas, transformando-as em seres frios, sem sentimentos e emoção. Elas ficam como que dependentes, já não conseguem mais viver sem estar no poder e lutam de todas as maneiras para manterem-se em qualquer cargo de mando. É como um vício, depois que experimentam, passa a querer sempre mais, custe o que custar. São seres que não conseguem desfrutar das alegrias de coisas simples, não sabem servir, não sabem agradecer, sequer conseguem cumprimentar alguém com verdadeira, repito com verdadeira simpatia.
Professor Márcio Siqueira – Especialista no ensino de História
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