Quando eu paro e recordo o meu passado No Sertão, no meu tempo de menino Dentro do peito um certo desatino Toma conta d'um coração alado Que de tanto com o mundo ter sonhado E aspirado um sucesso no futuro Desligou-se d'um modo prematuro Do Sertão, do seu lugar querido E a lembrança de tudo lá vivido Me derruba, e esse golpe é sempre duro. Jakson Amorim ( autor, poeta e colaborador do Blog)
sábado, 29 de outubro de 2011
O DIA DE FINADOS, segundo o Espiritismo.
Por: Márcio Siqueira
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens”
(S. Paulo 1 Coríntios 15;19)
Pelos olhos da Antropologia a crença numa vida após a morte do corpo físico é uma ideia inata no homem, assim como crença numa força superior, a que denominamos Deus. Desde quando desenvolvemos os primórdios de nossa consciência, ainda como primitivos homens em cavernas, passamos a temer, respeitar e honrar os nossos mortos. Esteve inicialmente ligada aos cultos agrários e da fertilidade, quando acreditava-se que, como as sementes, os mortos eram sepultados com vistas à ressurreição, o retorno à vida que deveria surgir de algo oculto e misterioso. Posteriormente viu-se o depósito de roupas, armas, comida, flores, dinheiro... na tentativa de facilitar a vida do desencarnado no mundo espiritual. Com essa crença, os antigos festejavam o dia dos mortos junto aos túmulos, com banquetes e alegria, costume ainda usado em certas culturas do planeta. Claro que o hábito de enterrar os mortos veio como uma política de saúde e higiene, após o homem declinar de seus hábitos nômades e tornar-se sedentário, criando comunidades, vilas e cidades.
Allan Kardec, perfeitamente ciente da importância que damos aos que partem desta vida carnal, perguntou aos espíritos, nas questões 320 a 329 de O Livro dos Espíritos, sobre este processo e como é verificado do âmbito espiritual.
O ser humano não é o corpo, apenas, amontoado de células que se desagregam com o esgotamento dos órgãos, vindo a fenecer. Em verdade, nossa imagem e semelhança com o Criador é pelo Espírito imortal. Portanto, nosso eu/essência espiritual não está nas catacumbas. Lá só estão os restos mortais. Assim, a ida aos cemitérios para o espírita, não necessariamente, atende a uma ocasião especial, pois os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.
Outro ponto interessante é o hábito que muitos temos de acender velas em memória de nossos espíritos queridos; a chama, ou o calor, destas velas nada vale para o espírito, que não se beneficia da vela em si, mas do calor espiritual que vem da lembrança e do amor gerado quando se faz uma oração. A vela nada auxilia ao que já desencarnou; nossas lembranças e amor têm este poder.
Não somente no dia de finados eles precisam de nosso apoio, lembranças e orações, mas em todos os momentos; espíritos há que se encontram em muita solidão e tristeza porque não tem a lembrança de seus entes queridos. Façamos regularmente orações pelos que se foram antes de nós para a pátria espiritual, como forma de mantê-los vivos em nossos corações e fazer carinho àqueles que não vemos mais. Os Espíritos se sensibilizam quando lembramos deles, principalmente os que nos foram caros na Terra. Se eles estão numa situação espiritual boa, esta ação mental lhes aumenta a felicidade. Se estão desgraçados, nossas lembranças e, sobretudo nossas preces servem-lhes de lenitivo.
Os hábitos e crenças das diversas religiões no globo devem ser respeitados. Nós, espíritas, embora respeitemos a doutrina de que devemos esquecer os mortos ou apenas manifestar práticas puramente ritualísticas, tão comuns neste dia, compreendemos que o verdadeiro respeito e a verdadeira lembrança são as que residem e nossas mentes e corações. É importante salientar que, apenas para os espíritos ainda mais ligados às questões terrenas, será importante a pompa e os detalhes materiais de seu funeral e de seu túmulo, isso porque ainda conservam alguns preconceitos da Terra. Para aqueles que sejam mais desapegados da matéria, o que realmente importa serão os sentimentos dos que ficaram na carne em relação a eles, sob a forma de lembranças sadias e orações de amor e paz. Quando o Espírito já atingiu um certo grau de perfeição, não possui mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas.
Márcio Siqueira – Presidente da Associação de Estudos Espíritas Missionários da Luz – Flores/PE
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