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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poesia Matuta - Jessier Quirino

ENDEREÇO DE MATUTO

Jessier Quirino


Daqui até lá in casa,
no Sítio Caga Chapéu?...
Dá um bocado de légua, homi!

Mas num é legüinha besta,
nem légua de beiço, não!
É légua macha, abafada,
dessas légua má criada,
medida a rabo de cão!

Você saindo daqui,
nem querendo, você erra:
No oitão do cemitéro,
pega a viela de terra,
desce em Tõin Farinheiro,
passa a água brancacenta
de Zefinha Lavadeira...

Daí pra frente, é só estrada!...
Eita, Cumpade Réi!...

Depois da reta pegada,
avista o esbarro d'água,
do pai de Mané Maió.
Avista o tamarineiro
fulorado e sombriado,
de Seu Zé Vacinadô.

Quando chegá nas quebrada
do Raso da Macaíba,
pega um mato imbamburrado,
que o cabra morre e num chega
no Lajedo das Furmiga!

E tome estrada!...

Avistando um pé de pau
com paricença de ipê,
aí, o Cumpade vê
uma pista arreganhada,
prontinha, se oferecendo
pro cabra que aparicê!

Mais, aí, você num queira!
diz: Essa eu num apricêio!
Pega a tria carroçávi,
com duas baxa dur lado
e a cabileira no meio!

E, daí pra frente, é estrada!...

Bem dizê: já tamo dento
da Avenida do Capim!
Toca em riba da babuge,
coberta de pisadura
e tome rédia esticada,
do começo até o fim!

É estrada festejada
com cerca de todo tipo:
é cerca de enchimento,
de vara, de pau a pique,
de lance, de aveloiz,
de pedra, cama no chão,
trançada, pedra dobrada,
aramada e travessão!

E abre e fecha porteira:
porteira de pau in pé,
de morão, de pau corrido,
de cochete e zigui-zagui
e o caba ali, no Mundé!...

E tome estrada, Meu Cumpade!...

Se chegar numa porteira
lambuzada de azul,
Aí, o cumpade errô!...
Volte dez braça pra trais
e quebre o braço direito,
onde começa a Maigosa,
A terra de meu avô!

E... ói:
quando der numa caiêra
de pretura acarvonada,
pega a subida abusada
do Serrote do Mói-Mói.
É trecho pau-cum-furmiga,
é ladeira enladerada!
Se o caba sobe fumando,
cai cinza dentro dos zói!...

Bem dizê: num chega in riba,
pega a gangorra descendo,
da ribanceira pra baxo,
é Sítio Caga-Chapéu!
Avistano o mundaréu,
dali, você tá me vendo!
Vê gado e capim mimoso,
e estado de baixio!

Um estado de balaio,
laranja, manga, limão,
pé de jaca, jaquejando
e caju, de vez em quando,
cajuíndo, pelo chão!

Num dá um pulo de grilo,
pra chegá no meu terrêro:
É rudiá o açude,
que o caboco morre in cima!
Eo cabra logo se anima,
na sombra do juazeiro!

É uma casinha alpendrada,
com cinco bico de luz!
Um cachorro reberuaite,
qui abana logo o rabo,
pra nego véi... e cuscuz!
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