
Por Marilourdes Ferraz
Qual o objetivo do lançamento desta terceira edição do livro "O Canto do Acauã"?
Com a última edição já esgotada há alguns anos , havia uma certa cobrança para uma nova edição do livro que busca trazer esclarecimentos no que se refere à história do cangaço na época de Virgulino Ferreira da Silva - O Lampião, exististindo a necessidade de se mostrar a verdade sobre o bandido diante das deturpações atuais que tentam transformar o bandido preocupado com o social, procurando tirar dos ricos para dar aos pobres, quando, na verdade, ele mantinha conluios com vários coroneis sertanejos.
Suas vítimas foram, principalmente, os humildes trabalhadores do campo - sertanejos como ele .No decorrer dos anos, a versão dos acontecimentos daquela época foram totalmente deturpados.
Tornou-se comum atualmente uma profusão de mitos e inverdades. Podemos afirmar, com certeza, que Virgulino Ferreira não foi obrigado a se tornar bandido pelas perseguições de um humilde e honestoe trabalhador sertanejo - José Saturnino, nem porque mataram o seu pai. O que aconteceu, na verdade é que Lampião então já era bandido e fazia parte do famoso grupo dos Porcinos de Alagoas e, inclusive , assaltava até própria polícia daquele estado arrebatando armas.
Lampião: hereói ou bandido?
Não há como transformar em herói um homem que formou vários grupos em todos os sertões do Nordeste, que torturou, sequestrou, roubou, destruiu lares, queimou pessoas, animais e fazendas estrupou, mutilou e matou tantas pessoas, enlutando e desfazendo centenas de lares na região, notadamente, na sua terra natal- o Vale do Pajeú.,de onde saíram, em consequência, alguns dos seus mais bravos combatentes.
O rastro deixado pela passagem de Lampião e seu bando nos sertões mostrava a realidade da violencia e da degradação humana: disseminou o terror, corrompeu,marcou mulheres indefefesas com ferro incandescente como sem fosse gado de sua propriedade particular, cerceou a liberdade de homens livres. Simples trabalhadores sertanejos.
Foi, na realidade,o mais temível torturador, chocando a todos com os seus requintes de crueldade. Os casos mais escrabosos, acontecidos no sertão de Pernambuco, foram mantidos no silêncio dos sertanejos que se integraram às Forças Volantes, solidários com o sofrimento físico e moral das famílias ultrajadas, as quais lhe pediam a caridade do silêncio para não destruirem com a divulgação o que restava da dignidade de suas famílias. O problema constituído pelo cangaço, tornou-se tão sério e vergonhoso que outros numerosos jovens da região foram deixando as suas atividades para ingressarem nas Forças Volantes.
Atualizada e aumentada - contém quase 700 páginas e mais de 100 fotos que registram um tempo da historia sertaneja. Inclui, inclusive importantes entrevistas de remanescentes das histórias registradas no livro,como o Gen. Liberato de Carvalho, que foi comandante geral das Forças Volantes na Bahia e que não concedia entrevistas a jornalistas ou escritores que poderiam " deturpar suas palavras".
Mas o livro é essencialmente baseado nas memórias do cel PM Manoel de Souza Ferraz (conhecido como Manoel Flor) um digno filho da região do Pajeú, conhecedor profundo de sua terra e sua gente e que participou da história aqui narrada - do prólogo ao epílogo. A edição é da Comunigraf.
PS do Blog: A autora Marilourdes Ferraz é jornalista, professora e pesquisadora. É membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco e tem cerca de 40 trabalhos publicados. É filha de Manoel de Souza Ferraz, hoje patrono do 14o. Batalhão da PMPE, localizado em Serra Talhada.
Adorei seu espaço,estou te seguindo te aguardo no meu cantinho fique com DEUS muita luz nno seu caminho :)!
ResponderExcluirhttp://mariahkely.blogspot.com/